Com
a decisão da Justiça de permitir o fornecimento de uma substância que
supostamente trata inúmeros tipos de câncer, mas não testado em humanos, o
Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, se
tornou destino de uma peregrinação de pacientes em busca da substância
fosfoetanolamina, de acordo com a Folha de São Paulo.
A
determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), expedida na última
sexta-feira (9) pelo desembargador José Renato Nalini, foi baseada em liminar
do Supremo Tribunal Federal (STF) que já havia liberado a entrega das cápsulas
da droga a um paciente.
Segundo
estimativa de advogados de familiares de outros pacientes diagnosticados com a
doença, mais de mil ações correm no Judiciário atualmente em busca do mesmo
direito. De acordo com a publicação, em busca da droga que acreditam ser a
última chance para evitar a morte dos doentes, pessoas formam diversas filas na
universidade.
No
entanto, o desespero se abateu sobre a multidão quando, na terça-feira (13), as
pessoas foram informadas que a substância não seria entregue por falta no
estoque e que os mandados judiciais deveriam ser protocolados na Procuradoria
Geral da USP. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Oncolgia Clínica
Evanius Wiermann, o caso é uma “loucura”. "Os pacientes estão sendo feitos
de cobaia sem garantia nenhuma de segurança ou de eficácia", criticou.
A
polêmica em cima da fosfoetanolamina se estabeleceu pelo fato de ela só ter
passado por estudos iniciais em células e em animais. Para uma droga ser
aprovada, deve passar por pelos menos três fases de estudos em humanos, para
avaliar se ela de fato funciona, sua segurança e efeitos colaterais. Em nota, a
USP afirmou que a substância não é remédio, foi estudada apenas como produto
químico e assegurou não haver "demonstração cabal de que tenha ação
efetiva contra a doença".
Entretanto,
a universidade evitou falar sobre o caso de Gilberto Chierice, um dos
pesquisadores apontados como coordenador de pesquisas com a fosfoetanolamina
sintética, que distribuía o suposto medicamento alegando que seria a "cura
do câncer".
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